segunda-feira, fevereiro 07, 2022

Lua

 

Já fui na lua algumas vezes:

Quase sempre dor. 

Gosto de abraçá-la no meu sonho lilás! 

Conforto, apesar do frio, 

Confronto. Ah, eu ando por um fio!

Um fio de lágrima que gravita e, por ser massa, cai.

Cai como lua pálida, cheia de expressivos vaos. Ecos. Nãos...


Há tantos "nãos" contidos. Delineados por "contudos", "poréns", medos escondidos. 


Despiram-me nua de lua crua

As vezes com sombra de terra plana

As vezes em curvas, plena! 

As vezes sem ar. 

Ar de mar fazendo espuma em onda.

De mar!

De mar expurgado lua no fim de tarde

De lua em fogo subindo ao céu.


A palavra nuvem afiada que fere

Divide a lua em dois.

Palavra nuvem que corta, sangra, destrói.



Lua, já fui sempre lua.

Ser lua as vezes dói.


07/02/22

terça-feira, abril 13, 2021

Saudade


 Sabe agua do mar?

Sabe agua do mar?

Sabe...sabe aquela agua do mar quentinha que voce mergulha e te faz passar por um portal?

Um mergulho do mar contido, transbordando cada gemido de dor ali escondido que no sal abundante e quente se dissipou?

Sabe entrar no mar e esquecer de tudo?

Sabe entrar no mar e estar ali? 

Apenas voce e mar, 

Apenas voce e sal, 

Voce, sal e sol.

Sabe sua pele molhada,

A sequidao da alma hidratada

O oceano gotejando de ti em lagrimas. 

Sabe TORRAR na areia?

Sal do mar em suor, calor!

Sabe areia quente? Sola do pe em brasa?

Cocegas, arrepio, poros, calor....

Sabe mergulho, onda

Folego

Caldo

Espuma

Ardor?

Vias aereas acidas ardendo de sal

Sabe sol? Sabe sol, calor?

Sabe sombra de coqueiro? Picole da capelinha, caldo de cana, acaraje?

Cochilo na praia, sabe?

Sabe como é?

Sabe saudade? 

Sabe saudade profunda? Bem funda? Do mar, fundo mar?

Sabe saudade?

Das armas pra curar as...

Sabe lagrima que vira  mar?

Mar que vira suor

Suor que vira força

Forca que dribla a dor?

Sabe brisa na pele, sol a beira mar?

Sabe sol queimando a pele, brisa fresca, mar?

Sabe mar por entre os poros, brisa, sol, calor?

Sabe isso?

Sabe nao isso?

Sabe dor?


segunda-feira, março 13, 2017

E a banheira?

-É um menino! É um menino!

Meus olhos estavam pesados. Eu os abri. Flashes de luz! Reconheci alguns semblantes sorrindo pra mim, falando coisas que me soavam apenas como ecos. Era difícil manter os olhos abertos. Parecia aquelas cenas de filme quando, depois de um acidente, a vitima acorda e aos poucos a realidade vai se estabilizando aos olhos. Udhayan trouxe ele embrulhado numa mantinha verde e um chapéu de trico lhe cobria a cabeça. Eu ainda estava confusa. Era omo se eu estivesse nascendo também. Senti seu cheiro de carne fresca, como carne de açougue, fresca para o almoço de domingo.

Eu sempre tive medo de parir. Aquelas cenas de TV com mulheres deitadas na maca, suadas, estéricas, gritando desesperadamente sempre me apavoraram e me levavam a questionar se um dia eu seria capaz. Quando engravidei, estes sentimentos simplesmente desapareceram, não por que a "preparação" tivesse chegado com a noticia da gestação, mas o meu cérebro simplesmente bloqueou qualquer coisa relacionada a isto.

E como eh o sistema de saúde dai? Vai parir ai? Vai ser normal? Vai ser humanizado?
"Humanizado" e "Orgânico" são dois rótulos que bastante me intrigam. O mundo ficou tao louco que precisamos dar um adjetivo especial a processos que são absolutamente naturais, como se o natural fosse o diferente, o "especial". Quando começava a ler sobre parto humanizado, muitas vezes me deparava com textos altamente moralistas e julgadores e abandonava a leitura pelo meio. Logo nos primeiros meses de gestação ganhei de presente da minha sogra um livro maravilhoso entitulado "New active birth" (Janet Balaskas). De forma geral - ou pelo menos a essencia que absorvi dele - ele fala do quão natural eh o processo de parir e o quão importante eh que a mulher seja a parte ativa deste processo, ouvindo o seu corpo e acreditando no seu potencial. Ele da algumas dicas de posições favoráveis durante o trabalho de parto, a importância da atuação do parceiro no processo, o poder da respiração, os efeitos analgésicos da massagem, da água morna. Tudo muito leve e sem julgamento, repetindo infinitas vezes "o seu corpo ira te guiar". Enfim, este livro foi abrindo-me e ajudando-me a me despir de qualquer medo. As vezes me emocionava quando lia alguns relatos, o primeiro olho no olho, o contato pele a pele, a maneira como o corpo se adapta para expulsar o feto.

A partir da minha trigésima sexta semana de gestação, nas consultas de pre-natal já me era cobrado o plano de parto. No que eu tivesse a obrigação de faze-lo, mas era importante eu documentar as minhas "expectativas", o que era ou não permitido. A iluminação do quarto, musica, quem poderia estar presentes, quais procedimentos eu permitia serem usados - como a checagem da dilatação, por exemplo. Quais artifícios de alivio de dor eu gostaria, massagem? gás? morfina? epidural?. Nas aulas de pre natal, eu lembro que achei um absurdo o uso da morfina ou epidural. "Não poder nem sentir quando vem a contração pra saber quando fazer forca? Que absurdo! Naã sentir as pernas, não poder levantar? Não! Não quero isso pra mim!!". O que eu não abria mão era a banheira. Alem de me soar como um excelente artificio natural de alivio da dor, ainda tinha todo o beneficio para o bebe.

Os meus exames de sangue estavam mostrando taxas baixas de ferro e de plaquetas. A deficiência de ferro poderia ser facilmente corrigida com um suplemento, mas quanto as plaquetas, não havia muito o que fazer. Por isso, meu plano inicial de ter um parto caseiro estava descartado. Na verdade, eu ainda tinha esta opção, mas fui alertada da possibilidade de uma hemorragia e a necessidade de uma resposta rápida.

(Eu to escrevendo aqui e morrendo de vontade de relatar a qualidade do sistema de saúde publica daqui da Escócia. Como receber uma ligação do posto de saúde para discutir o resultado do meu exame de sangue ou urina, de receber a medicação necessária de graça, da possibilidade de ter um parto caseiro com todo o acompanhamento necessário e tantas outras coisas que nem um sistema privado de saúde no Brasil dispõe)

A noite de domingo (09/10)  tinha sido péssima! Eu já estava sentindo cólicas bem fracas ha uns dias, mas naquela noite as dores aumentaram e era difícil achar uma posição pra dormir. Pela manha fomos nos registrar no novo posto de saúde e eu ainda me queixava das dores. Udhayan cogitou não ir trabalhar, mas eu pedi pra ele relaxar, pois caso fosse mesmo o inicio do trabalho de parto, o que todos diziam eh que dura em torno de 12 horas. Eu teria tempo de avisa-lo. Nesta manhã eu caminhei, fui as compras, ainda com dores, que iam e vinham. Ao chegar em casa fui fazer uma sopa. "Deixa eu garantir o jantar", pensei. Acho que neste momento que comecei a me dar conta de que tratava-se realmente de contrações. Elas vinham bem espaçadas e duravam alguns minutos, a ponto de eu ter que parar o que estava fazendo para respirar, e assim o ciclo ia se repetindo.

Depois de preparar a sopa fui tirar um cochilo pra repor a péssima noite que havia tido. Ao acordar percebi uma secreção com uma cor meio ferrugem. Liguei para o centro de triagem e eles me disseram que era um sinal, mas que o parto não necessariamente iria acontecer naquele dia. Eram cerca de 14:00, liguei pra Udhayan toda animada e ao mesmo tempo tranquila. As dores haviam aumentado, mas eu estava habituada a fortes cólicas menstruais. Eu ate dançava e brincava "Vou tirar de letra isso aqui, parir nao eh tao mal assim".

O intervalo entre as contrações foi diminuindo e as dores ficando mais intensas. Por volta das 18:00 da segunda (10/10) ligamos para o hospital, mas fomos orientados a permanecer em casa, ate que elas se estabilizassem com intervalo de 3 min e duração de pelo menos 1 minuto. Consegui jantar, tomei um banho quente para aliviar as dores. Udhayan massageava a minha lombar a cada contração. A posição mais fácil que encontrei foi sentada na bola de pilates com o peito apoiado no piano, e aquela sensação de "ate que não eh tao mal assim" já estava se esvaindo. Por volta da meio noite fomos ao centro de triagem. Uma jornada desconfortavel, uma espera chata numa recepcao clara e fria. Coletei urina, tive batimentos cardiacos e pressao arterial checados e o exame vaginal indicou apenas 2 cm de dilatacao. A midwife fez o procedimento de descolamento de membrana, me deu um analgesico a base de morfina e me mandou de volta pra casa, aconselhando-me a dormir um pouco, me alimentar bem e continuar ativa.

Dormir era algo impossivel naquela situacao. As contracoes nao paravam. E nao se estbilizavam, o intervalo entre elas horas eram de 3 minutos, horas de 7. Consegui relaxar um pouco fazendo uns exercicios de respiracao, mas tudo bem longe de ser um cochilo. Pedi para Udhayan tentar dormir um pouco, para nao ficarmos os 2 esgotados. Sei que precisaria dele em breve. Durante a gestacao eu praticava muito a posicao de cocoras, e achei que esta seria um posicao que usaria durante o trabalho de parto, por ser naturalmente confortavel para mim. Mas quando estava la, ficar acocorada era extremamente desconfortavel, eu nao conseguia permanecer assim nem por um minuto. Tentei deitar um pouco, mas esta era de longe a posicao mais desfavoravel. Permaneci de certa forma "ativa", caminhando pela casa nos intervalos das contracoes, horas sozinha, horas apoiada por Udhayan. Coloquei uma cadeira embaixo do chuveiro e tomei banhos quentes algumas vezes.

Ja se passara mais de 24 horas e eu estava mentalmente e fisicamente esgotada, depois de 2 noites sem dormir. Um apliativo me ajudou a monitorar as contracoes. As vezes elas duravam 2 minutos, com intervalo de 3 min entre elas. Era um sinal de que estava progredindo bem, mas ai de repente os intervalos ficavam maiores e assim ia oscilando. Meu corpo ja nao estava respondendo mais. Eu so qeria ficar parada, ou simplesmente sumir. Liguei pro centro de triagem outra vez, ja era cerca de 18:00 da terca feira (11/10)

-Pelo amor de Deus, me de alguma coisa para aliviar a dor!!!
-Eu gostaria de poder te ajudar, mas voce esta indo bem, esta quase la. Continue cooperando.
A orientacao era so se dirigir ao hospital caso as contracoes se estabilizasse por pelo menos 1 hora.

Eu ja estava perdendo a sanidade depois de quase 30 horas de trabalho de parto. Em um dos banhos eu chorava desesperadamente como uma forma de catarse. "Nao quero mais!" "Fure logo minha barriga e tire esta crianca daqui!!!"

Por volta da meia noite, 24 horas depois da primeira ida ao centro de triagem, ligamos novamente para o hospital. Udhayan insistiu para que eu fosse encaminhada direto para o centro de parto, com medo de que a longa espera, a claridade e o frio interrompessem o quadro de contracoes que ja estava se estabilizando. Depois de muito insistirmos, fomos encaminhados para la. Novamente tive pressao arterial e batimentos cardiacos checados pela midwife, os batimentos cardiacos do bebe estavam em torno de 170bpm. Recebemos a visita da cardiologista que atribuiu esse quadro ao stress do trabalho de parto ou a uma desidratacao. A midwife realizou novamente o procedimento de descolamento de membrana e o exame vaginal indicou uma dilatacao de...2cm. 2 cm???? 2 cm!!! Nao acreditei que depois de 24 horas de contracoes apos o primeiro exame eu nao havia dilatado absolutamente nada!

-Por favor, nao me mande de volta pra casa!! - Cai em prantos lembrando das ultimas 24 horas e imaginando ter que passar por isso novamente, sabe-se la por quanto tempo mais.
-Nao se preocupe, nao vamos te mandar pra casa nesta situacao.

Acho que a maior preocupacao eram os batimentos cardiacos dele, ja que parir na verdade doi mesmo. E pode doer por horas, dias, semanas...

-Voce tem algum plano? - Ela me perguntou
-Eu quero muito tentar a banheira
-Voce esta muito cansada e fraca. E o seu processo nao esta nem no inicio ainda. Nao acredito que a banheira ira te ajudar muito nesta situacao. Quando voce chegar no estagio de precisar fazer forca, pode ser que nao tenha energia para tal. Eu sugiro que voce tome uma epidural, durma um pouco e descanse ate que as contracoes e dilatacao evoluam.

Eu ja estava aberta a quaquer artificio que me ajudasse a aliviar a dor e me permitisse algumas horas de sono. Fui transferida do centro de parto para o hospital, que ficava no andar de cima. A esta altura, eu ja perdera a nocao de tempo. So me lembro que demorou muito ate eu tomar a anestesia. Coletaram algumas amostras de sangue, recebi a visita da anestesista para me explicar como seria o procedimento. As contracoes nao paravam, e nem o "gas and air" me ajudava a a aliviar a dor. Eu dava milhoes de baforadas, incessantemente. Colocaram um monitor cardíaco, um monitor para as contracoes e um acesso na minha mao. Os batimentos cardíacos dele normalizaram, mas a espera para tomar a anestesia parecia interminável.

Quando me aplicaram a anestesia, o alivio foi imediato, mesmo elas tendo me explicado que demoraria alguns minutos para eu perceber o efeito. A enfermeira e Udhayan disseram que ate o meu semblante mudou.

Tive a minha bolsa rompida pela midwife, isso aceleraria o processo de dilatacão. Minutos depois os batimentos cardíacos dele baixaram abruptamente. Ela me virava de um lado para o outro diversas vezes, segundo ela, ele poderia estar sentado ou segurando o cordão umbilical. Depois de virar pra la e pra cá, os batimentos dele normalizaram. Algumas horas apos o rompimento da bolsa, o novo exame vaginal indicou uma dilatação de 3 cm. Aquela informação me causava frustração e certo desespero. Quanto tempo isso vai durar? Pelo menos eu não estava sentindo mais dor. Decidiram me aplicar ocitocina, para induzir o parto.

Mesmo anestesiada da cintura para baixo, eu sentia uma secreção vaginal e avisei as midwifes, mas elas me acalmavam dizendo que era normal.

-Esta frio aqui? Estou sentindo muito frio! - Coloquei um casaco
(...)
-Ta muito frio aqui! Me de um cobertor por favor!
Udhayan colocou todas a roupas disponíveis sobre mim e o frio não passava. Eu tremia, batia queixo. Os calafrios vieram acompanhados de uma febre... Batata! INFECÇÃO!

Eu escutava os monitores alarmando. Uma medica entrou na sala. Verificou que havia meconio no meio das secreções vaginais. Meus batimentos cardíacos estavam elevados. Os batimentos cardíacos dele estavam em 220bpm. A partir dai vi uma bateria de médicos entrando e saindo da sala. Mais amostras de sangue, mais medicação injetada no acesso que eu ja tinha.

-Oi, meu nome eh fulana, sou medica. Vamos precisar partir para uma cesária de emergência. bla, bla, bla, bla...nao se preocupe, nos lidamos com isso todos os dias...
-Oi, meu nome eh ciclana, sou anestesista. Vamos usar o acesso que você já tem para epidural para aplicar a anestesia para a cesaria. Basicamente vamos aumentar a dose e vai ser tranquilo...
-Oi, meu nome eh Beltrano, sou enfermeiro...
-Oi, eu sou X, sou cardiologista...

Meu Deus! Eh grave! Acho que neste momento me dei conta de que não se tratava apenas de dor e frio. Estávamos correndo risco. Nos dois! Eu acho que em menos de 10 minutos depois da febre e calafrios, eu já estava na sala de cirurgia. Udhayan iria acompanhar tudo. Aumentaram a dose da anestesia, mas eu conseguia ainda mexer as pernas. Mais uma dose e as pernas ainda se podiam mexer. Aumentaram mais ainda, mas eu sentia a temperatura fria do spray de teste.

-Eh, nao temos tempo. Vamos ter que aplicar anestesia geral

Colocaram uma mascara de gas na minha face:
-Respire fundo!Isso, mais, mais!

Numa fracao de segundo, olhei para Udhayan e seus olhos estavam vermelhos e umidos. Ele me deu um beijo. Aquele beijo tinha o potencial de ser o ultimo, talvez? Sei la, apaguei...

-É  um menino! É um menino!
Meus olhos estavam pesados. Eu os abri. Flashes de luz! Reconheci alguns semblantes sorrindo pra mim, falando coisas que me soavam apenas como ecos. Era dificil manter os olhos abertos. Parecia aquelas cenas de filme quando depois de um acidente a vitima acorda e aos poucos a realidade vai se estabilizando aos olhos. Udhayan trouxe ele embrulhado numa mantinha verde e um chapeu de trico lhe coria a cabeça. Eu ainda estava confusa, mas senti seu cheiro de carne fresca, como carne de acougue, fresca para o almoco de domingo.



“Eu tentei, mas não consegui”. Já ouvi algumas mulheres proferindo esta frase, muitas vezes em tom de frustração, na tentativa de justificar um fracasso por não terem conseguido ter um parto natural, como se isso fizesse uma mulher ser menos mulher, menos forte, menos capaz. Eu mesma já me peguei varias vezes respondendo pras pessoas “depois de 40 horas de trabalho de parto, tive que partir pra uma cesária de emergência”

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Não sabíamos qual seria o sexo do bebe, queríamos a emoção da surpresa, Mas a primeira vez que o vi eu estava tao dopada por conta da anestesia geral, que perdi a tal magia do momento. Luca nasceu no dia 12/10, as 10:54, com 4kg 350gramas e 56 cm. Seja la o que tenha acontecido para eu "não dilatar", sou muito grata por estarmos os dois vivos e perfeitamente saudáveis.
Udhayan não pode permanecer na sala de cirurgia, por causa da anestesia geral. Foram 1,6L de sangue perdidos durante a cirurgia, uma taxa de hemoglobina e plaquetas que despencaram mais ainda. 4 dias em observação no hospital. Nos primeiros dias eu tinha monitor cardíaco, sonda urinaria, acesso da epidural, bombinha de massagem nas pernas para evitar trombose, acesso venoso, monitor de pressao arterial. Eu mal conseguia segurar ele nos bracos. Foram 3 dias de antibiótico injetados na veia, por conta da infeccao. No fim das contas saiu tudo diferente do que coloquei no plano de parto. Com exceção da morfina, experimentei todas os artifícios de alivio de dor e acabei caindo na faca. SÓ FALTOU A TAO DESEJADA BANHEIRA!

Parir normal eh pra quem pode, nao eh pra quem quer!!!

terça-feira, setembro 22, 2015

Coisas que nunca acabei de escrever...

Amo-te e tranque a porta, pois é fugaz
Eu me engano todos os sábados em plena luz
Li nos jornais noticias vãs, todas iguais
E dos sentidos só me restou o gosto doce daquela paz

Amo-te, mas em silêncio, pois dói demais
Eu me despeço desse amor toda manhã
E ponho em versos o universo que pulsa em mim

Amo-te às três da tarde
E até depois de um copo quente de café
Amo-te poesa, cinema, prosa e canção

Cozinhando.

Eureca!!!!
O Brócolis é um fractal!!!!!!!!



quinta-feira, setembro 03, 2015

Vasculhndo meus e-mails acabo de encontrar esse texto,
Não lembro se foi eu que escrevi, não consigo reconhecer os "igarapés"...

Foi enviado pra um ex namorado em 2005

Não tenha medo disso.
 
Não sei o quanto de ti há ainda em mim;
Nem a quantidade de mim que há em ti.
Não há mais saladas, nem ferozes desafios.
Não há mais risadas, nem embates.
Não há rios correndo em nós, nem sóis escaldantes.
Não há alegrias, nem tristezas...
Há apenas igarapés levando as lembranças para um reino distante,
Onde fortificamos nosso castelo.
Onde, depois de tanto lutar para o erguer, o deixamos à mercê do tempo e do vento.
 
 
E eis que a caixa ainda não afundou...
Desculpa por precisar te contar o q sinto.

sexta-feira, agosto 14, 2015

Living Oversea - Sacolas Plásticas nas lojas

-Would you like a bag? (Você gostaria de uma sacola?)

A pergunta parece estúpida quando feita no balcão da loja onde você está comprando dezenas de itens, que, obviamente, precisarão ser acomodados em uma sacola para serem transportados para qualquer lugar, mesmo que a curta distancia. Mas a pergunta precisa ser feita, para te deixar ciente de que, caso queira, lhe será cobrado o valor de 5 centavos de libra por sacola. Absurdo? Não!!! É lei, e diga-se de passagem, que lei maravilhosa!




Lembro de uma polemica acerca deste tema que rolou em São Paulo há alguns anos, quando tentaram instituir esta cobrança nos supermercados, na tentativa de reduzir o consumo de sacolas, e consequentemente, a produção de resíduos sólidos e os consumidores ficaram indignados (Agora vejo que a lei municipal volta a vigorar). Tive experiencias em lojas de departamento no Brasil, quando ia trocar alguma peça na loja e dizia que não precisava de sacola, porque iria reutilizar a que tinha em mãos e as atendentes diziam "Mas esta aí está amassada" (oi?). Ou em farmácias e supermercados, quando me ofereciam 2 ou 3 sacolas por que estava transparente e dava pra ver o produto que estava comprando.

O comportamento que se vê por aqui é diferente. As pessoas vão ao mercado de mochila, sacolas reaproveitáveis, caixas de papelão. Por vezes carregam os itens na mão, quando são poucas coisas. Certamente não apenas pela cobrança pelas sacolas, mas pela consciência de de que é possível reduzir a produção deste resíduo. Que esta consciência se expanda entre os consumidores, independente de leis e essas idéias inspirem outros países.

http://www.smartbags.co.uk/blog/single-use-carrier-bag-charge-coming-to-scotland-soon

Living Oversea

Em setembro de 2014 me mudei para Escócia, e passei a morar aqui oficialmente em maio de 2015. 
Mesmo em pouco tempo foi possível perceber pequenas e grandes diferenças na cultura e comportamento, regras e postura das pessoas neste país. No meu caderno de anotações, que anda na minha bolsa em todos os lugares, eu sempre anoto uns tópicos sobre os quais gostaria de escrever, mesmo que de forma bem simples e curta.

To começando então uma nova fase do meu diário virtual, o "vivendo do outro lado do oceano".

segunda-feira, julho 27, 2015

Espasmos

Se existir outra vida,
Essa coisa que dizem que acontece depois que a gente morre
Talvez a gente viva
Essa historia que nao morreu enquanto a gente dorme

Em outras historias...

Morte e vida metaforicas
Euforias tao insolitas

Quando tudo morre
Ha de haver vida
Enquanto se exercitam

Outras memorias...

Que seja breve esse espasmo
Que chegue leve e va embora

Eu morreria talvez outrora
Pelo prazer da vida que ha muito nao aflora

Ahhh, o precipicio!!!
E' loucura [nao] se jogar
A vida e' so agora.



domingo, julho 12, 2015

Natácia Luana

Comecei a escrever isto depois de uma conversa que tivemos. Foi uma das poucas vezes que a vi cansada. Adorava ter conversas mais profundas com ela, que por ser tão alegre enérgica o tempo inteiro, as vezes nos induzia a ignorar os conflitos, que como todo ser humano, ela é passível de ter. Batemos um papo gostoso, depois comemos feijão verde. Nunca consegui terminar de escrever, mas não queria perder o que já comecei...




Assim como eu, ela foi vítima da democracia familiar e recebeu nome de personagem de  novela mexicana.
Ao digitar as primeiras letras do seu nome
qualquer corretor automático sugere a palavra "natural",
O que diz muito sobre o jeito Natácia Luana de ser.

A começar pelo que ela come
E a sua natureza é entrega, é energia,
Que vem de uma fonte que ninguém sabe o nome,
Mesmo sendo intenso o tanto que se consome.
Em noites mal dormidas,
Festas, trabalho, estudos, treino
E outras atividades insones

Quando Naty está dançando, ela DANÇA!!
Seu corpo se divide em seções
E se movem em velocidades diferentes

Quando Naty está falando, ela FALA!
E haja palavras atropeladas,
As vezes sem nexo, as vezes bem pertinentes

Quando Naty está rindo, ela RI!
E que gargalhada gostosa,
Feliz, irreverente...

Quando Naty está, ela ESTÁ!
Não dá pra ser Naty discretamente.

A natureza Naty
É de fazer amigos
De não saber dizer não

É de pés descalços, cabelo ao vento, verde no prato,
Rímel nos olhos (Muito rímel)
É por-do-sol
É natural, é espontâneo, é verdadeiro

E não precisa ser onipresente
Mesmo não fisicamente,
Ela sempre estará lá
Apenas a sua lembrança já arranca sorrisos
Os seus jargões,
Seu riso farto
E a sonoridade do seu sotaque pernamboca, que só ela tem

Exemplo de garra, de força, determinação
E isso não se compra, nasceu com ela,
É natural,
ops é  Natácico, maldito corretor.

(Esqueci de anotar a data)

13-03-15 - Surpresaaaaaa!!!!

Da esquerda para direita, da fileira da frente pra fileira de tras
iara, Gabriela, Maria, Bela, Aline,
Naty, Cinthia, Catherine, Priscila, Ludmila, Angela e Pamela

Já havíamos feito isto uma vez. Um gupo de 11 amigas se reuniu na casa de uma delas para falar comigo no Skype, enquanto celebravam um ano de amizade formalizada através do grupo das "Malvadas".

Eu pedi encarecidamente para repetirmos a sessão de encontro virtual, eu na Escócia, elas no Rio, pois a saudade apertava demais. E incrivelmente todas podiam exatamente naquela terça feira, 13/03/15, quando chegaria no Rio.

A ideia era surpreender as 10, mas eu precisava de uma cúmplice, e a escolhida foi a Maria, casa da qual eu iria me hospedar. Pensamos em contar pra Catherine, sua flatmate, pois achamos que seria impossível ela não notar que eu estava lá, antes da surpresa. Mas não! Quanto menos gente soubesse, melhor seria.

Eu aterrizei no Rio naquela sexta-feira, por volta das 9:00 da manhã. Por precaução, Maria avisara a Catherine que "uma amiga" iria deixar umas malas lá.

Passei o dia com Catarina Soules, matando as saudades dela e as do Rio. Tomei banho cedo e fui pra casa dela aguardar o horário para a "sessão de skype". Pamela teria aula, Gabi e Aline tinham outro compromisso, Maria estaria viajando e Naty, a princípio iria. Infelizmente o time estaria desfalcado. Confirmadas Ludmila, que cederia a casa para o encontro,  Angela, Bela,  Priscila e Catherine. Choveu muito naquele fim de tarde, e eu estava em panico que, como boas cariocas (ou peseudo), a chuvofobia acabasse as convencendo a cancelar o encontro.

Maria à distância cumpria de forma muito competente o seu papel de cúmplice. mas eu precisaria de outra, alguém por quem eu pudesse me passar quando chegasse na portaria. Já sei! Iara, a mascote do grupo. Estrategicamente, ela perguntou as meninas qual o plano para aquela sexta feira, pois estava pensando em ir pro Rio naquele final de semana. Pronto! Essa familia Marques Nogueira é boa nisso!!!

Aguardei na esquina do prédio, até que todas estivesses chegado. A esta altura elas já haviam tentado me chamar no skype, mas eu recusei e justifiquei dizendo que estava ocupada preparando o jantar do marido que acabara de chegar de viagem. Ao chegar na portaria, me identifiquei como Iara, e sem falar com ninguém no interfone, subi.... ja saí do elevador com a câmera ligada, e o resultado foi esse aí.










sexta-feira, junho 19, 2015

07-03-15 - Viagem estratégica

Que dia vai ser o festival este ano? Nãaaaooo!!!! Começa dia 27 de agosto.
Pisaríamos em solo britânico dia 28 de fevereiro, isto queria dizer que em março, abril, maio...27 de agosto eu teria que voltar pro Brasil. Nãaaaaooooo!!!!

Cheguei em setembro com visto de turista, que me dá direito a seis meses. Como saímos do Reino Unido e passamos os dois meses no Sri Lanka, esta nova entrada me daria  direito a mais seis meses e só então eu voltaria para o Brasil para solicitar o visto e poderia aproveitar o tão sonhado Shambala Festival, sobre o qual ele me falava desde que nos conhecemos em 2012, mas eu teria ue ir embora logo antes do festival começar. Tragédia!!

Tentamos trocar a passagem, tentamos mudar apenas a conexão, qualquer coisa que, na nossa ingenua ignorância, me fizesse aterrizar no país 1 dia depois, me permitindo assim ficar até o fim do festival. Mas só depois, muito depois descobrimos que não é bem assim. Dentro de 12 meses, eu só poderia ficar 6 meses com visto de turista, independente do ano vigente.

-Leve Clara para fazer uma viagem.
-Não! Se eu entrar no país, não vou querer sair novamente. é sempre muito tenso na imigração.
-Mas você vai ter chegado há uma semana e sairá para uma nova viagem, vai ser tranquilo.
-Não, eu não quero correr o risco.

Sabe aquela sensação de que você vai ser pego, mesmo sem estar fazendo nada de errado? É essa sensação que tenho todas as vezes que chego no controle de imigração. Provar que tenho dinheiro, casa, emprego e tantos outros vínculos no Brasil, que eu não quero trabalhar clandestinamente, que eu tenho acomodação no país....tudo isso é muito chato.

Mas eu topei! Topei fazer uma viagem com a minha sobrinha, já que com o passar dos anos, a distancia e a tecnologia nos afastaram tanto. Uma viagem de um final de semana seria muito importante para recuperarmos a intimidade e nos divertirmos juntas.

O critério de escolha do destino foi pelo preço. Tentamos obviamente Paris e Amsterdã, mas o custo das passagens estava inviável. Escolhemos Frankfurt, Alemanha. O que tem pra fazer lá? Relaxe, ainda temos algumas semanas pra descobrir, compra logo a passagem.

Já tinha caído na pegadinha da Ryanair uma vez, quando comprei equivocadamente um voo pra França ao invés de um pra Grécia. Mas caí mais uma vez. Nosso voo sairia de Londres às 19:40, chegaria Às 22:40 (fuso de 1 hora a mais na Alemanha) e retornaria no sábado as 21:00. Foi pesquisando transporte do aeroporto para o centro de Frankfurt que descobri que o voo não ia para a cidade de Frankfurt, mas Hahn-Frankfurt, uma cidadezinha no meio do NADA, a 2h de ônibus (unica forma de transporte) do centro de Frankfurt. Bem, como a ideia era só sair e voltar ao país, o jeito era aproveitar o que tinha pra fazer por lá.

A ida pro aeroporto já foi uma Odisseia. Metro para estação Vitória e ônibus para o Aeroporto Stansted, o que durou pouco mais de 4 horas. Desespero no aeroporto e NENHUM funcionário para dar informação, por pouco não perdemos o voo! Chegamos em Hahn quase 23:00, e fomos apanhadas pelos funcionários do hotel, funcionários aliás, super prestativos e atenciosos. Jantamos no restaurante do próprio hotel, comida deliciosa e desabamos na cama, depois de uma partida de baralho, claro. Acordamos no limite do horário para o café da manhã e nos fartamos com as opções de queijos, presuntos, ovos, sucos, pães, geleias, chocolate quente, café, bolos, frutas, iogurte, cereais. Bem, ali ja fomos consoladas de que, se nada desse certo, pelo menos nosso paladar voltaria feliz.

O pessoal da recepção resolveu nos ajudar na busca do que fazer naquele fim de mundo. Víramos o anuncio de um parque com arvorismo, alpinismo e coisas afins. Fechado até o início do verão. Tentamos um haras, para Clarinha andar de cavalo, mas ele funcionava como clube, onde os donos dos cavalos deixavam seus animais e, eventualmente, iam treinar...bem, o jeito é voltar pro quarto, bater papo, jogar baralho e aproveitar a companhia uma da outra. Até que ele conseguiu!! A dona do haras iria permitir a nossa visita e uma voltinha nos cavalos. Fizemos o check-out e passamos a tarde lá. Mas o voo ainda estava distante e acabamos voltando para o hotel, nossa unica referencia na cidade, onde tivemos um jantar delicioso, batemos papo, tiramos foto e demos continuidade ao cassino.

Na volta pra casa, ainda no aeroporto de Hahn, o fiscal da imigração me deu a maior bronca ao cobrar a autorização de Clara - Menor de idade - para viajar comigo, a qual eu não tinha. PQP, Iris me garantiu que não precisava!!! Depois de ouvir o maior sermão, pegamos o voo, mas um embrulho na barriga já antecipava a minha tensão na imigração, ainda mais com esta de autorização inexistente.

O transito para o aeroporto

















Parte II - Chegando no controle de imigração em Londres.

Entreguei o meu passaporte a carteira de identidade de Clara.

-Ela é o que sua?
-Minha sobrinha
-Ela mora aqui?
-Sim
-E você, está fazendo o que aqui.
-Eu vim visitar a minha família. Cheguei em Set....
-O que? Setembro??????????
-Sim, cheguei em setembro, mas janeiro e fever....
-E você está fazendo o que aqui esse tempo todo.

Ele não me deixava falar, por isso esse tempo parecia um tempo todo. Queria explicar que tinha passado 3 meses, desde setembro, fiquei 2 meses fora e estava voltando para pegar o meu voo, que , de fato, estava programado para 12/03, mas o qual eu pretendia trocar para fiar para o festival, em agosto.

-Você está trabalhando?
-Não
-Você tem um emprego no Brasil?
-Não, eu tenh...
-Eu quero ver os seus extratos bancários
-Eu não os tenho
-Não os tem????????? Como não????
-Nunca me pediram, achei que não foss...
-Como não. Tem que ter. Eu quero-ve-los
-Eu posso acessar pela Internet.
-Agora, quero ve-los agora.

Minhas mãos tremiam ao segurar o celular com toda aquela pressão na minha cabeça. Eu digitava senha errada, selecionava a opção errada e ele me cobrava agilidade. Em suma, o meu extrato não variou quase nada de setembro a novembro, pois o dinheiro que usei durante este tempo estava disponível em especie ou no visa travel money.

-Você não está gastando dinheiro?
-Eu estava gastando que trouxe em espécie.
-Quanto você trouxe em espécie?
-X
-E foi suficiente pra ficar este tempo todo...hummmm
-Minha despesa é curta, não pago acomodação, cozinho em casa.
-E você não vai pra festa?
-Não - Interrompeu Clara  - A gente só vai pro parque.
-Sua irmã trabalha com que?
-Y
-Ela não é rica pra te sustentar...

Extrato de dezembro. Saldo positivo com a restituição do imposto de renda. Fudeu! Ao ver o carimbo do Sri Lanka, eles riscou as anotações de balanço bancário referentes aos meses de janeiro e fevereiro. Incrivelmente, eu estar viajando com uma criança, filha de terceiros, sem autorização legal dos pais, não teve a menor importância. Eu poderia estar praticando o crime de trafico de pessoas, e isto foi irrelevante comparado à possibilidade de trabalho ilegal.

Ele pediu pra ver meu ticket de volta pro Brasil, e depois de mais alguns muitos minutos de terror inquisitório, completou.

-Olhe, você vai entrar, mas eu não vou te dar seis meses de visto não. Você não tem seu voo de volta comprado pra daqui a uma semana? Então vou lhe dar o visto só até o dia 12.

Carimbou o meu passaporte com um"Should Leave at 12/03/15" e me mandou partir.

Mistura de raiva, desespero, revolta e frustração. Clarinha não entendia o meu choro. Ela estava com a carinha de assustada por perceber a expressão do a gente da imigração e o tom com o qual falava comigo. Expliquei q ela que, por causa de 3 dias, acabei perdendo 6 meses de permanência e que teria que ir embora pro Brasil, às pressas em uma semana.

Aí foi correr pra Edimburgo, empacotar as coisas, separar documentos para viajar, me despedir do marido e partir de volta pro Brasil.

P.S.: Se você recebeu o carimbo com código PHR 13771 no seu passaport, não se preocupe. Segundo informação da advogada que nos deu acessoria com a documentação para o visto, isto significa que você foi interrogado sob suspeita de trabalho ilegal, apresentou as evidencias necessárias em sua defesa e foi liberado para acessar o país. Isto não representou nenhum problema nao processo posterior de solicitação do visto.








24-02-15 - Hikadwa

Demorei de escrever nos ultimos dias e perdi a chance de registrar sensações deliciosas que experimentei aqui, uma espécie de fotografia do meu espírito. Saímos cedo da cool beach. pensamos em não fazer o check out antes de garantir a nova acomodação, mas valeu a regra do "deixa fluir".
Confesso que, depois de 2 meses viajando , rodeada da cultura local, onde, diga-se de passagem, existe uma reppresão muito forte às mulheres, foi ótimo chegar num lugar turístico, e me sentir normal, rodeada de pessoas  mais parecidas com a minha referencia cultural.

Huikadwa!!!! Área mais popular para o surf no país, uma ruazinha principal, repleta de lojinhas, restaurantes e hoteis. Turistas perambulando, e tuck-tucks oferecendo serviços de taxi.

O lugar onde ficamos, tinha uma atmosfera ótima de albergue. (pena não lembrar o nome). Mesinha de ping-pong, pranchas de surf espalhadas por todo lado, roupas estendidas, mesas coletivas disposas na beira da praia. Praia extensa, mar democrático. Muitas ondas, pros veteranos no surf, ondas brandas, pros aprendizes e stand up pedllers, e sem onda, pra quem é fã do porto da barra, como eu.

Fiz um proceso de desintoxicação de curries e me deliciei com peixe e camarão, quase que diariamente, à preço de banana!!! (400 rupias cada prato, cerca de 8 reais).

O quarto onde ficamos a maior parte dos dias, não me permitiu relaxar completamente. Apesar de ter uma varanda que me presenteava com a vista da imensidão do mar todas as manhãs, era o ultimo do corredor, e por ele não transitava quase ninguém, sobretudo a noite. (Sim, paranóias!)

Estabelecemos uma espécie de rotina. Acordar cedinho, caminhar pela praia, onde os pescadores já puxavam a rede de volta, tomar aquele banho de mar e sentar para o café da manhã, na beira da praia. Depois disso é rede, livros, bambolê, banho de sol, banho mar, slack line, almoço e cochilo.

Consegui pendurar o tecido um unico dia. Fizemos um sessão de yoga um dia também. Experimentei o "prown egg soup", uma sopa incrivelmente maravilhosa, feita com camarão, ovo e alguns vegetais. Típica da região.

Não poderíamos ter encerrado as nossas férias de forma melhor! Dias muito felizes passamos aqui.

Caminhada matinal



Sobremesa do café da manhã

O lado de quem surfa




A puxada de rede, antes das 8 da manhã





Repartindo o saldo do dia


Até as nuvens fazem poesia neste lugar


Não soube usar os recursos da câmera. Mas a ideia é mostrar o quão movimentada é esta rota, por onde passam os navios levando mercadorias da Ásia para a Europa.

23-02-15 - Na estrada outra vez

Seguimos viagem para Hikadwa, enfrentando mais uma vez o transito louco de Colombo, amenizado depois que pegamos a rodovia adagiada. Não me canso de achar bonita esta ilha, cercada de verde, montanhas e rios. Espero que o progresso em pucos anos não destrua esta beleza natural.

O nosso destino foi decidido depois de tentativas frustradas de reserva em alguns "yoga spa". Uns com vagas esgotadas, outros extremamente caros. Depois do dia cansativo no cartório, seguido de 3 horas de estrada, passamos a noite na "cool beach" o hotel mais estupidamente insano que já vi à beira mar., prova de que não existe nenhum tipo de regulamentação ou fiscalização para obras civis. 4 pavimentos erguidos na praia a exatos 4 metros do nível máximo do mar, provocando sombra no que resta de praia durante toda manhã. Ao mesmo tempo em que é de frente (invadindo) pra praia é de costas pra estrada, o que obviamente presenteia os apartamentos com barulhos constante de carros, ônibus e caminhões. Caranguejos e alguns moluscos se espremiam no pequeno pedaço de areia que restava da praia.

noite mal dormida, pelo fato de estarmos sozinho no hotel, e na beira da praia. Mas o foco é aproveitar a ultima semana de férias no calor!

Aqui da pra ver bem, o quão perto da estrada é o hotel.



18-02-15 - Histórias que se ouve por aí

O processo burocrático para casarmos aqui foi tão simples e rápido que nos deixou maravilhados. Mas hoje essa idéia se desfez um pouco, pois, por estar em sinegalês, tivemos que traduzir e registrar a nossa certidão de casamento, o que nos obrigou a ficar no cartório das 10:00 às 17:00 (Quando eu digo que isso aqui é um pouquinho de Brasil iá, iá...). O sr Almir ficou extremamente contente quando sentamos nas cadeiras ao seu lado, ele estava ávido para conversar. Nos contou do seu arrependimento por não ter dado continuidade aos estudos, interrompidos para que ele pudesse ajudar o pai nos seu negócios, o que, de certa forma, lhe proporcionou uma vida de conforto e excelentes condições para criar as suas 4 filhas. Muçulmano nascido na Índia, mudou-se para o Sri Lanka aos 4 anos de idade, onde conheceu a sua esposa, nascida e criada lá, com a qual compartilha uma rotina que foi muito bem delineada após a sua aposentadoria. Acorda às 5:30, bebe 2 copos de água e vai rezar. As 8:00 toma o café da manhã à moda indiana (a reza dura das 5:35 às 8:00? Não sei, equeci de perguntar). As 10:00 come alguma fruta, o que tem de sobra no país de solo tão fértil. O almoço é servido por volta das 14:00, seguido de um cochilo, que dura até as 16:00. Ao acordar da soneca, eles tomam um chá - Com bastante açúcar, pensei. - acompanhado de alguns biscoitos. - Não menos doces, talvez. O jantar é servido às 20:00. Segundo ele, é recomendação médica que o intervalo entre o café da manhã e o jantar seja de exatas 12 horas, e ele se orgulha de segui-la à risca. Para finalizar, antes de dormir, eles tomam um copo de leite quente com uma colher de chá de tumaric (soa muito estranho!!!). O que eles fazem nos intervalos das refeições, além do cochilo da tarde foi uma duvida que trouxe comigo e que vou carregar para toda eternidade, cabe aí um universo de especulações.

Contou sobre a filha que mora no Paquistão e, abismado, descreveu a onda de violência que rola por lá. Se você é brasileiro, nada te soará como novidade. [Hora de tocar a vinhetinha: isso aqui ô, ô....].
Homens armados, sequestros relâmpagos, roubos de carros e celulares, criminosos em ação sobre motos...Ao dizer que essas coisas acontecem todos os dias no brasil, ele se espantou.

Todo esse papo amenizou o tempo da espera até a senha 331.

17-02-15

Pela manhã tentamos resolver as coisas do cartório, mas tinhamos esquecido que era feriado. Compramos algumas coisas para casa no barefoot, aliás, que programa de casados "comprar coisas para casa" e a noite fomos a uma exposição de fotografia sugerida por MEnika, lá mesmo, no barefoot. Encontramos aleatoriamente algumas pessoas como Mariah e Mohaned, Jawaid e sua esposa, além de outras pessoas que havíamos conhecido na casa dele, das quais não lembro o nome.
Foi ótimo conhecer a noite de Colombo. Pessoas "normais", vestidas "normalmente" socializando...

A festa da colheita

Fomos convidados para assistir a festa da colheita. Cerimonia festiva que acontece durante 3 noites ininterruptas na vila perto de Boralugada State. Procurei o nome oficial da cerimonia e maiores informações, mas nada foi encontrado na internet. Mas basicamente, eles dançam para clamar aos deuses que a colheita seja boa. Se vestem de demônios, fazem piruetas com fogo e algumas encenações teatrais. Uma dança que me lembra tradições africanas. A comunidade inteira, dos bebês aos idosos, acompanhava a festa com uma enorme hospitalidade...ao perceberem os estranhos na vila, não faltaram ofertas de lugares privilegiados para ver o espetáculo, cadeira, lugar na sombra, e até convite para um chá companhado de doces (muuuito doces) na casa de um membro da comunidade.

Uma grande quantidade de comida estava pronta ao lado, esperando o final da festa para ser servida.