terça-feira, abril 24, 2007

A palavra e o silêncio [Não é de minha autoria!]

O silêncio não é a negação da palavra, como a palvra não é tampouco a negação do silêncio. Há silêncios eloquentes como palavras vãs. É precisamente a continuação entre um estado e outro que forma a trama completa de nossa vida e espírito. É na riqueza do nosso silêncio interior que se forma a qualidade de nossas manifestações verbais. Como é na riqueza de sua repercussão, no silêncio posterior, que reside o sentido mais profundo do nosso privilégio verbal. O homem é a única criatura que fala e que também sabe dar ao silêncio o seu sentido profundo. O silêncio dos seres humanos, das pedras, das florestas, dos animais, só têm sentido para nós, seres verbais, que damos um significado positivo, poético, filosófico e religioso a este silêncio das coisas e dos seres infra-humanos. O rumor de nossas palavras só tem sentido por que nelas se reflete o mundo infinito que está para lá de sua sonoridade: o mundo dos sentimentos, das idéias e das grandes realidades.
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Tristão de Ataíde

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