sexta-feira, abril 24, 2009

Deus

Estava sentada apreciando o pôr-do-sol, a pensar na vida, a pensar sei lá em que. À minha frente uma árvore e suas folhas a cair. Sorri com o milagre da renovação! E lembrei que há algum tempo estava tentando pensar em Deus. As folhas nascem para cumprir a sua função, fazendo parte de um sistema. Elas depois retornam para a fonte de sua criação. As folhas que caem servem de insumo para as próximas que virão. Mas qual seria afinal a sua função? Qual seria a sua razão de ser? Não sei – desisti. As folhas simplesmente caem. A árvore seria então a vida? Talvez. Mas o que alimenta a árvore? Qual a essência que vai da raiz às folhas? O que mantém a arvore, a vida? Rapidamente me veio a resposta: A água. A água é Deus! Perfeito – Exclamei. Há muito desconfiava que deus pudesse ser a água. Agora eu já sei por quê. E o vento balançava. Brisa suave no rosto. Folhas a despencar. Quanto mais forte o vento, mais folhas ao chão. É por causa dele que as folhas se desprendem da árvore e flutuam leves para retornar ao solo. É o vento. O vento que impulsiona o recomeço. O vento é Deus! Mas sendo água e sendo vento, deus poderia ser terra também. E porque não? Então...fácil demais! Onde a árvore se sustenta? Onde se equilibra? Onde firma as suas raízes? De onde vem seu alimento? Sim, é a terra. A terra é Deus! Ah, mas e o fogo? Deus deve ser fogo também. Via os raios do sol sobre o mar. Então eu pensei: As folhas precisam do sol. Precisam da sua luz para sobreviver, é dele que vem a fonte, mas...espera – parei. O sol não é o fogo. O fogo não é o sol. Seria então o fogo o calor. Não sei! Não sei o que é o fogo então. Mas o fogo existe, eu sei que ele é real. Mas pra que ele serve? O fogo, meu Deus, é mau? Ele queima, ele destrói. Não, mas o fogo não pode ser isso. Não é possível que eu não saiba dizer o que é o fogo, pra que ele serve. Mas eu consigo sentir que ele existe. Ah, então o fogo é isso mesmo. É o que existe e agente não sabe o que é. A gente não sabe por quê. É aquilo que a gente sente. Talvez o fogo contribua para a existência da folha. Talvez ela só exista com a permissão dele. Mas a gente não sabe como. A gente não sabe por quê. A gente não é capaz de explicar... Mas, peraí – emocionei-me: Isso é Deus!!

Escrito no solar do Unhão, em algum dia de 2003

domingo, abril 19, 2009

Mas será possível sentir-se saudade da tristeza? É que tristeza parece sempre mais profunda, parece que coloca a gente pelo avesso e faz transbordar. E o poeta? Precisa ele ser triste? É na tristeza que se escrevem versos sublimes. É sempre na tristeza que acontece uma identificação das sensações mais intensas, e o encontro com o outro vem. Não quero ser triste para poder escrever, é que ja cresce em mim a felicidade que contagia. Então, vamos sambar!