domingo, janeiro 18, 2015

16-01-15 – Nao precisava ter levado tao a serio



-Eu to entediada
-Vamos fazer uma caminhada tranquila, so pra sair de casa.

A TPM chegando, o tedio veio junto com ela. Troquei de livro, tentei diverter-me no tecido, um doce, um cochilo, mas eu nao me ajustava dentro de mim.
Comecamos descendo a estrada principal que da acesso a casa, para ver o lugar que esta reservado para o cultivo de alguns vegetais, perto do ponto onde me perdera ha 2 dias e que me rendeu um machucado nos pes. So eu mesmo pra me perder onde nao existem opcoes de caminho, alem do correto. Foi quando ele teve a brilhante ideia:

-Podemos tentar ver o elefante que vive aqui na regiao.
 
OPAAA!!! Nada melhor que um elefante selvagem para espantar o tedio!!

Comecamos subindo pela plantacao de cha, sem uma trilha muito definida. Um macaquinho em cima de uma casa gigante de formiga ergueu-se e, ao confirmar que alguem se aproximava, partiu Chegamos ao alto, perto de onde estiveramos semana passada para ver o por-do-sol. De la avistamos preta, que vinha ao nosso encontro – Nao sei se ela tem outro nome de batismo, mas eh assim que a chamo. Na rocha a frente, mais macaquinhos relaxavam ao cair da tarde, revezando-se entre ela e as arvores ao redor. Mesmo nao encontrando o elefante, ver aquela macacada toda ja teria sido suficiente pra dar uma sacudida no tedio.

A quantidade de nuvens no ceu ja anunciava que hoje nao teria por-do-sol, mas ele, mesmo assim, deu seu show, dancando por entre as nuvens. Mesmo nao encontrando o elefante, ver a danca do astro-rei ja teria sido suficiente pra dar uma sacudida no tedio.

Muita concentracao e silencio no caminho, que nos levaria ao enontro do elefante. O ideal seria que os vissemos antes de sermos por ele vistos. A historia que se conta por aqui eh que ele ja matou 4 pessoas. Fezes secas comprovam que eles ja passaram por aqui, mas aparentemente ha alguns dias atras. Preta nos seguiu ate determinado momento, depois parou, ficou nos avistano de longe, ate sumir. Melhor, segundo Udhayan, pois corria o risco de ela assustar com o seu latido o elefante. 

A arvore que se erguia sobre a rocha, rasgando-a para fincar suas raizes, me chamou atencao. Mesmo que nao visse o elefate assassino, aquele simbolo de forca e determinacao ja teria sido suficiente para espantar o tedio.

Mais fezes de elefante, e dessa vez mais frescas! Talvez nao fizesse tanto tempo que ele estivera por aqui. Uma rocha gigante me fez lembrar dos meus amigos da escalada e alguns momentos com eles no Rio. O sol ja estava baixando e nada do elefante “dar as trombas”. O caminho das pedras era muito fluido e parecia que em algum momento iria nos levar pra onde eles se escondem. O sol lancava seus ultimos raios de sol, cobrindo de alaranjado o ceu, foi quando decidimos voltar, por uma outra triha no meio do mato, que avistamos do alto. Do alto ela parecia tao clara e batida, mas a medida que desciamos, ela desaparecia. Teria sido o curupira que fechou o caminho? Nenhum sinal de acesso que nos levasse de volta pra casa. A tarde caia. Podiamos apenas avistar a roca de tomate que fica na beira da estrada. Mas ele ia exatamente na direcao oposta, Segundo ele, por que o caminho era mais limpo. Insisti para que fossemos na outra direcao, pois ela nos aproximaria do camnho de casa, e poderiamos usar o clarao da roca de tomates como referencia, mesmo com pouca luz. Nao tinhamos lanterna, nem nada parecido. Por sorte, a caminhada anterior com havaianas me convencera a calcar o sapatto apropriado. Resolvemos seguir na direcao dos tomates. Neste momento eu ja nao tinha mais nocao do que significava tedio, pois a adrenalina fazia folia nas minha veias. Seguimos uma trilha aberta, ate que encontramos uma bifurcacao.

-Para cima ou para baixo? – Perguntou
-Para baixo. – Sugeri

E assim o fizemos, mas depois de cerca de 2 minutos a trilha se fechou e resolvemos voltar para pegar o caminho de cima, como numa corrida contra o tempo. Passamos por um riacho. Mais fezes de elefante. Pouca luz! Por favor seu elefante, considere que eu ja nao estou mais entediada, nao precisa aparecer! Comecamos a entrar numa mata, os ultimos raios de luz diziam-nos que precisavamos correr. Meu casaco amarrado na cintura, ao tocar minha perna, me assustou.

-Ja nao ha mais trilha
-Vamos simplesmente descer no meio do mato
-Ok, estamos exatamente acima da plantacao de tomates.

Nesse momento ja ouviamos algumas bombas, eh o artificio que eles usam para espantar os elefantes. Calma cominidade, quem ta fazendo esse barulho no meio do mato somos nos, que saimos para procurar elefantes a fim de espantar o meu tedio, que a esta altura ja se transformou em adrenalina; mas continue soltando as bombas, o que menos quero encontrar nesse mato eh um elefante com quarto assassinatos nas costas. Aos poucos a pouca luz reduzia a distancia a nossa frente que podiamos enxergar. Escorregavamos morro a baixo, tropecavamos no cipo, passos em falsos faziam pedras rolarem, qualquer galho seco que tocava minhas pernas me fazia pensar que era cobra ou outro bixo qualquer. Desviamos o caminho pois um pequeno precipicio se apresentou em nossa frente. No clarao entre as arvores podia-se ver que ameacava chover. Ja era noitinha, ate que,”dressed and afraid” chegamos na estrada de pedras que nos levaria ate em casa, onde Preta ja nos aguardava. Pouco tempo depois, o ceu desabou, quando ja estavamos preparando o jantar, de banho tomado e, DEFINITIVAMENTE, SEM TEDIO!!!!


 O que vale eh a intencao da foto

 Preta, preta,pretinha



 Macaqueando no fim da tarde





 A arvore que cresceu na rocha


 Fezes de elefante, uma pista de que eles estiveram aqui

 Da pra brincar de subir nessa rocha







 Ultima foto antes da aventura de se perder no caminho de volta pra casa




 

14-01-15 - Um cochilo




A sensacao hoje eh de ressaca, por causa da trip na moto. Pra variar, fomos presenteados com dois cafes da manha. Estava pensando num presente que poderia dar aos dois como forma de agradecimento, acho que um srwong seria uma boa opcao. No cochilo longo da tarde sonhei com Dona Vanilda. Eu Morava numa casinha apertada da rua Ribeirao e trabalhava feito uma condenada. Tinha ido visita-la no fim da tarde, e ela, no seu quartinho apertado tomado por prateleiras por entre as quais se escondiam segredos, sonhos e toda a sorte de bugingangas, comentava sobre a comida daqui
-Mas CinThia, que comida gostosa eh aquela? (posso escutar o ritimo da sua voz no sotaque PauloAfonsino)
-O meu favorito eh o de quiabo, vo. Vou preparer um pra senhora, mas tenho poucos quiabos na dispensa.
-Aahhh…eu so compro quiabo quando ta bem verDinho, vou procurar amanha na feirinha.

Tenho certeza de que ela iria gostar do tempero, dada a sua inclinacao por comida apimentada.
Eh sempre muito leve e agradavel qualquer memoria ou sonho que tenho com ela ou com vo Juvenal.

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Vamos ver o por do sol, me de a mao...








13-01-15 – Vamos ver o que vemos

Tipicas mulheres do vilarejo de Poongala.



Vamos hoje pra Ela ou paramos la no nosso caminho de volta para Colombo? Dormimos uma noite ou so passamos o dia e retornamos hoje mesmo? So nos restam algumas batatas e meia abobora na dispensa e nao temos nada para o café da manha de hoje. Teremos que descer pra Koslanda de qualquer forma para comprar mantimento. Pra variar, fomos surpreendidos com 2 cafes da manha, um deles virou nossa marmita pro almoco. Decidimos levar o basico, caso resolvessemos passar uma noite ou duas. Tudo se encaixou perfeitamente na moto, “Era assim que deveriamos viajar”, disse ele. Fizemos um caminho diferente do que tinhamos feito pra chegar aqui, um outro vilarejo, com olhares nao menos curiosos para os dois estranhos que passavam na moto. Criancas acenam, alguns homens param suas atividades para observer, outros ignoram. O que nao se pode ignorar eh o verde exuberante ao redor. Tao vibrante! A Estrada contorna a montanha, que eh totalmente tomada pela plantacao de cha. Algumas pequenas cachoeiras escorregam montanha a baixo. Um parque de diversoes para aqules que se encantam com qualquer detalhe da criacao.
Na chegada em Undarawela, metade do caminho para Ela, Caos!! Transito louco, lojas, pessoas apressadas, sapateiros nas esquinas, pequenos stands de costureiras, muitas lojas de tecido. Atraida pelas cores, entrei em uma delas. Sem falar um idioma em comum com as vendedoras, elas entenderam que eu queria um sari e diziam que eu parecia ser de la, comparando a cor da minha pele com a delas. Adoro ouvir isto!! Sem saber explicar que procurava apenas tecidos e nao saris, desisti e sai da loja. Na parada pro suco, outra vez me disseram que eu parecia local. Tenho certeza que trajando um sari e de boca fechada eu passaria despercebida como uma local.






As catadoras de folha de cha, beeeeem distante da pra ver os pontinhos brancos no meio da plantacao




A moto compacta, do jeito que deveriamos viajar



Eh muito comum ver templos e estatuas gigantes de pernas cruzadas meditando por todas as estradas e vilarejos.


Depois do suco, compra das cordas do violao, passeio pelas lojas de tecido, compra de uma nova sandalia (havaianas, sao mesmo as legitimas, ninguem no mundo sabe fazer igual!), seguimos para Ela, a cerca de 30 minutos dali. Um mirante nos oferece uma vista linda das montanhas, cachoeira e vales. Mas do outro lado, grandes hoteis erguidos destoam da paisagem. Uma pequena pousada nos agradou, mas nao havia mais vagas. No meio do caminho, um restaurante Tailandes me chamou atencao, apesar de adorar a culinaria local, seria otimo comer algo diferente, mas infelizmente, o restaurante so funcionava no jantar. No centro de Ela varios turistas, bares, restaurantes e loginhas de artesanato. O primo Punny diz que nao sabe por que este lugar eh tao popular. A vista eh linda, as montanhas sao encantadoras, a cachoeira gigante…estes sao otimos motivos pra tornar um lugar popular. O unico problema eh que a cachoeira, tao exuberante a distancia, fica exatamente no meio da estrada, tirando um pouco o brilho dela quando nos aproximamos. Ja eram 15:00, e batemos o martelo de que iriamos voltar pra casa, com o compromisso de chegar em Koslanda a tempo de fazera feira. O problema nao eh Ela nao ser atrativa o suficiente. A questao eh que a casa que estamos eh tao confortavel e tranquila, que o pareo fica dificil. Em Koslanda fomos compando um pouco de cada coisa em cada stand e acomodando ao lado da moto, olhares curiosos esperavam pra ver como iriamos acomodar todas aquelas coisas na moto e seguir viagem.
O passeio foi maravilhoso, mas a memoria que ficou no meu corpo foi a dor na coluna provocada pelo incomodo de ficar sentada na moto por quase 6 horas.




Vista do mirante. Atras de mim ha um hotel enorme, completamente em desarmonia com a paisagem



Os macaquinhos aproveitam a presenca dos turistas para barganhar frutas.



12-01-15 – Guerra declarada! Amo muito tudo isso!!





Todas as manhas tenho enolido um dente de alho picado com agua, como se fossem capsulas. A obrigacao seguinte eh fazer a Kundalini, o que proporciona uma experiencia de auto conhecimento e maior contato comigo. Depois da sessao de relaxamento, posterior a Kundalini, o corpo pede um alongamento, e assim iniciamos nossa sessao de yoga. 
Nos ultimos 3 dias os senhores que estao trabalhando aqui nos trazem um café da manha, sempre delicioso. Parece que estabeleceu-se uma disputa entre eles para saber quem nos cobre com mais “mimos”, alias, este eh o pais que visitei, cujo café da manha eh mais inusitado. Um dia foi Kiribat, que sao cubinhos de arroz branco, que parece bolo de tapioca, servido com um molhinho vermelho bem consistente, feito com tomate, cebola e muita, muita pimenta. Outro dia, fomos presenteados com uma especie de disco feito com farinha de trigo (nao sei o nome), acompanhada de Dahal-(lentilha ao curry), depois tivemos String hopers, macarrao de arroz integral servido com curry e pol-sambol. Alias, o pol-sambol eh o meu favorito! Estou louca pra chegar na Bahia e preparer pra seu Medrado, desconfio que ele vai gostar. Parece uma farofa, feita com coco ralado, cebola picada, pimenta calabresa e pimentas frestas picadas, temperada com limao e sal. 


 Sambol e Dahl com o disquinho de farinha de trigo

 Kiribat

O dia segue com bastante leitura, treino de bambole, salack line, tecido no terraco, muitas vezes cabe uma soneca depois do almoco ou uma caminhada. Cozinhar eh sempre muito divertido e a sensacao de comer saudavel eh ainda mais gratificante.