sábado, junho 30, 2007

És do tipo que vira a cara para o mendigo sujo por causa das suas roupas encardidas?
És do tipo que tem nojo do mendigo fedorento e não suporta sentir os maus odores que deles provém?
Engana-se ao achar que cheiras bem!
Vou roubar-lhe todos os sabonetes, cremes e desodorantes,
Vou roubar-lhe o acesso à água
E quebrar a sua ducha quente para os banhos relaxantes,

Verás que além de algumas cifras, não há nada diferente entre você e essas criaturas repugnantes...

segunda-feira, junho 18, 2007

Descansa menina,
Esquece o que ouves
Esquece o que lês
É mais um devaneio
Daqueles que tens costume de ver...

segunda-feira, junho 11, 2007

Se - Alice Ruiz

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

sexta-feira, junho 08, 2007

Minha [nossa] oração

Não faças comparação, isso é ego!
Se sentires medo de amar, ame!
O amor é fim em si mesmo.
Se pensares em desistir, pare de pensar,
Permita-se apenas sentir.
Mas se ainda assim o pensamento persistir, acalma-te:
‘O amor terá sido suficiente’
Se sentires vontade de chorar, chore!
Chore até soluçar!
Deixe esvaziar o peito de dúvidas,
De anseios,
De dor.
Entendas que não precisas ser onipotente
Ser forte não exclui fraquezas,
Permita-se ser fraco quando não suportar
És forte o suficiente para ser fraco
És capaz de se reerguer,
És capaz de continuar
A eternidade dura apenas um segundo
O poço é fundo
Não olhe pra baixo antes de se lançar
Jogue fora todas as medidas que tens
Use a medida infindável do [a]mar
Entenda que palavras não dizem nada
Mas fale quando sentir vontade de falar
Falas o tempo inteiro com o sorriso, com os olhos,
Até mesmo com o silenciar
Mas ainda assim é preciso lançar ondas sonoras no ar
Não temas comunicar sua angústia, seu receio, seu pavor
Compreendas que podes abandonar o caminho
Que podes mudar de direção
E isso não significa estagnar
Não procure entender as coisas
‘Entender é limitado demais!’
Sinta-se triste quando sentires tristeza
Sinta raiva,
Sinta ciúmes até,
Mas permita apenas ao amor inflamar
És humano, ainda não alcançastes a perfeição.
Nunca hesite em entregar-se por inteiro
Ficar nu é a melhor proteção
Teu escudo é a vulnerabilidade
Teu risco a garantia
Mas procurar abrigo não é covardia
Cuida de ti, pois conheces a ti mesmo
Se isso ainda não é uma verdade
Aproveite para se experimentar
Não temas!
Acenda as luzes do quarto, e verás que os fantasmas sumirão
Então poderás apagar as luzes outra vez
E descansar em paz na escuridão
Procure não pensar no fim
Tudo não passa de recomeço
A lua, em todas as fases, se mostra bela
Finda-se o verão
E chega a primavera
Não procure a aprovação dos outros
As cores do teu mundo são só tuas
Teus sabores te são peculiares
Tuas formas, singulares
Eles não terão parâmetros para apontar-lhe a direção
Tu te encontras num estágio diferente de amar
Num outro estágio de renúncia,
De percepção
E por mais intenso que sejas, sempre serás criticado,
Sempre ouvirás um não
Mas bem,
Seja profundo, nunca raso
Plante uma semente num vaso
Mesmo que não a veja crescer,
Mesmo que não dê tempo regar
Precipite-se
Permita-se
Ou negue-se
Mas nunca desista de amar.

Rezada por Cinthia e MPSampaio, em 21/09/2004
E eu que fico aqui,
Imaginando coisas,
Fazendo projeções...

É isso que me rouba o sono,
É isso que me assalta a noite

Vai menina, sonha!
Mas com duendes e fadas
por que sonhar a própria vida
É perigoso demais!

quinta-feira, junho 07, 2007

Arranquem o teto da sala,
Apaguem as luzes da noite
Hoje eu quero olhar para o céu!

segunda-feira, junho 04, 2007

A menina que virou árvore.

Mal conseguiu esconder a palidez num sorriso quando sua mãe lhe dissera que iria cortar-lhe os cabelos.

-Sim, irei vendê-los. Consegui um bom dinheiro neles. Soube que é moda na Europa emendar fios de outrem nos cabelos franzinos, lentos no crescimento.

Soava-lhe estranha a idéia de ver seus cabelos pendurados em cabeças alheias. E se nesta tal de Europa resolvessem inventar modas como emendar pés, orelhas ou mãos? Esfriava-lhe a espinha só de pensar... Os seus cabelos eram delicados, de doçura igual ao seu caminhar. Negros e de brilho prateado com ondas alegres e sutis. Além dos cabelos, invejados pelas moças da pacata cidade, da sua cabeça brotavam sonhos, pensamentos e fantasias de menina bem-te-vi. Mas era chegada a hora. A sua mãe pegou a tesoura, guardada na segunda gaveta da cômoda de jacarandá, amarrou-os num trançado sinuoso e – onomatopéia de tesoura! – enfim estava com o futuro “bom dinheiro” nas mãos.. Na Europa, os seus cabelos emendados numa cabeça de sonhos e pensamentos desconhecidos foram de um sucesso não antes imaginado, e encomendas não tardaram chegar. Então, ficou decidido: da pequena mocinha de delicado caminhar brotariam os frutos para alimentar toda a família. Ela acabou por aceitar, acostumou-se até. Como se no seu próprio quarto tivesse criado raízes, por lá muito tempo ficou.. Alguns fios caíam, como folhas que se renovam. A sua vida tornou-se um outono intermitente, com um toque de primavera estampada no brilho e vitalidade dos frutos que cresciam a cada dia.

E foi assim que se sucedeu. A menina virou árvore. E exportava os seus frutos pro modismo europeu.

Inspirado em lala (Zaira Caroline), beijos prima!!
Que linda lua hoje!!
Mais bela que qualquer poema que poderia aqui pousar.
Salve salve a beleza lunarr!!!

Porém

Todo mundo tem medo do porém
No entanto
Há um porém em cada medo
A coragem está numa dimensão aquém
E a verdade é que ela sempre vem

Porém,
Quase sempre é tarde
Quase sempre é quase
E o porém que invade
Nenhum impulso retém.


Ernesto, ofereço a você. Lembro que esta estava entre as suas "selecionadas"...