quinta-feira, dezembro 23, 2010

Como mudam as cores quando se cruza o Oceano


Ela nunca tinha visto um por-do-sol. O primeiro lhe ocorreu aos, cerca de, 23 anos. E eu fico pensando....quantos pores-de-sol (Nao sei como escreve isto no plural) eu ja tive o privilegio de assistir. Eu sempre gostei daqueles que se pode apreciar de la do solar do Unhao. Mas os ultimos dos quais recordo sao os de Mancora-Peru, onde o sol, enquanto mergulhava no mar, produzia nele um reflexo, estendendo o espetaculo por alguns minutos mais. Mesmo depois daquela bola de fogo se afogar por inteiro, se espiava dela a fotografia, estampada nas aguas frias do Pacifico. Eram dois sois que se via, um que partia, e outro que mesmo ficando, de fragil, se ia. E no Vale de la Luna-Deserto do Atacama-Chile era assim...dificil de explicar. Uma imensidao de areias marrons, de formas frageis produzidas pelo vento e ceu de azul espectral, colorido pelos ultimos raios de sol que iluminavam o dia. Uma vastidao...a amplidao da areia, a amplidao do ceu...A lua surgia timida, com seu branco palido, desviando a atencao que antes era exclusiva ao astro-rei. E a musica nascia, com as areias dancando, o sol se escondendo enquanto a lua se mostrava languida, dancando por entre as nuves que incrementavam as cores do ceu. E quem canta que a lua e o sol nao se encontram, deveria ir la para compor novas cancoes. Dizem que nenhum por-d0-sol eh igual, eu tambem acho que nao. Ha tempos nao vejo um por-do-sol. Ele esta sempre escondido por sobre as nuvens que deixam cinza o ceu londrino. Mas estou aprendendo a gostar de ceu cinza tambem! E de uma paisagem palida e gelida que volta e meia se forma por aqui. Lembro que quando sai de Londres, no dia 10 de outubro, para fazer a minha viagem pelas redondezas europeias, deixei as arvores com as folhas amarelada e algumas, frageis (ou precipitadas) caidas ao chao, compondo a paisagem do outono, nunca outrora experimentado por mim. Ao retornar, em meados de novembro, encontreia-as praticamente nuas, como a mulher frente ao espelho que observa as mudancas no seu corpo. Agora a neve, que eventualmente cai, substitui a presenca das flores e intensifica o branco timido, experimentado na lua do deserto marrom. As cores mudam quando se cruza o Oceano. Sinto falta do colorido da calle de las brujas em La Paz, quando vejo os trajes pretos desfilarem nas ruas de Oxford Circous ou trafalgar Square. Ja ocorreram cerca de 210 pores-de-sol desde que eu sai de Salvador. E eu fiquei longe durante esses, cerca de, 210 pores-de sol, justamente por entender que o sol sempre se poe por entre as montanhas, mergulhando no mar ou simplismente atras dos arranha-ceus, a gente apreciando-o ou nao. E eu, a cada dia mergulho no meu mar, me compondo e recompondo. Ficam de mim alguns reflexos, algumas formas efemeras do que sou e fui, outras palidas ou cinzas tambem. Ha tantas cores estampadas na minha historia, ha tantas cores tatuadas na minha memoria...