terça-feira, fevereiro 06, 2007

Carlos Drumond de Andrade

A hora do descanso

As coisas que amamos,
As pessoas que amamos
São eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
No limite de nosso poder de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
Dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam absoluta,
Numa outra maior realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
Por um outro itinerário,
De aspirar a resina do eterno.

Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
Rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre na boca
Na mente,
Sei lá, talvez no ar. ..

Um comentário:

Anônimo disse...

sOU APAIXONADA POR CARLOS DRUMOND, TIVE O PRIVILÉGIO EM CONHECÊ-LO NOS CAMPOS ELÍSEOS.
LINDO BLOG, DE MUITO BOM GOSTO