sexta-feira, junho 08, 2007

Minha [nossa] oração

Não faças comparação, isso é ego!
Se sentires medo de amar, ame!
O amor é fim em si mesmo.
Se pensares em desistir, pare de pensar,
Permita-se apenas sentir.
Mas se ainda assim o pensamento persistir, acalma-te:
‘O amor terá sido suficiente’
Se sentires vontade de chorar, chore!
Chore até soluçar!
Deixe esvaziar o peito de dúvidas,
De anseios,
De dor.
Entendas que não precisas ser onipotente
Ser forte não exclui fraquezas,
Permita-se ser fraco quando não suportar
És forte o suficiente para ser fraco
És capaz de se reerguer,
És capaz de continuar
A eternidade dura apenas um segundo
O poço é fundo
Não olhe pra baixo antes de se lançar
Jogue fora todas as medidas que tens
Use a medida infindável do [a]mar
Entenda que palavras não dizem nada
Mas fale quando sentir vontade de falar
Falas o tempo inteiro com o sorriso, com os olhos,
Até mesmo com o silenciar
Mas ainda assim é preciso lançar ondas sonoras no ar
Não temas comunicar sua angústia, seu receio, seu pavor
Compreendas que podes abandonar o caminho
Que podes mudar de direção
E isso não significa estagnar
Não procure entender as coisas
‘Entender é limitado demais!’
Sinta-se triste quando sentires tristeza
Sinta raiva,
Sinta ciúmes até,
Mas permita apenas ao amor inflamar
És humano, ainda não alcançastes a perfeição.
Nunca hesite em entregar-se por inteiro
Ficar nu é a melhor proteção
Teu escudo é a vulnerabilidade
Teu risco a garantia
Mas procurar abrigo não é covardia
Cuida de ti, pois conheces a ti mesmo
Se isso ainda não é uma verdade
Aproveite para se experimentar
Não temas!
Acenda as luzes do quarto, e verás que os fantasmas sumirão
Então poderás apagar as luzes outra vez
E descansar em paz na escuridão
Procure não pensar no fim
Tudo não passa de recomeço
A lua, em todas as fases, se mostra bela
Finda-se o verão
E chega a primavera
Não procure a aprovação dos outros
As cores do teu mundo são só tuas
Teus sabores te são peculiares
Tuas formas, singulares
Eles não terão parâmetros para apontar-lhe a direção
Tu te encontras num estágio diferente de amar
Num outro estágio de renúncia,
De percepção
E por mais intenso que sejas, sempre serás criticado,
Sempre ouvirás um não
Mas bem,
Seja profundo, nunca raso
Plante uma semente num vaso
Mesmo que não a veja crescer,
Mesmo que não dê tempo regar
Precipite-se
Permita-se
Ou negue-se
Mas nunca desista de amar.

Rezada por Cinthia e MPSampaio, em 21/09/2004

2 comentários:

Anônimo disse...

.... não olhe para baixo ao pular pois o poço é fundo....

.... chore até soluçar...

... o fim é o recomeço....

..... palavras não dizem nada,mas fale sempre que tiver vontade...

Essas entre outras passagens da tua oração me mostram que estamos aqui para nos permitir: continuar, errar, acertar, sorrir, chorar, andar, parar, falar, gritar, pensar,não pensar.... Estamos aqui para viver. A cada dia, em cada folha que cai, em cada brisa soprada, em cada pôr do sol percebo que viver é conseguir enxergar o que as afirmações e as negações tem a nos ensinar. Fico pensando, porque será que sempre estamos desesperados, correndo atrás dos resultados positivos e, quando eles não chegam, nos fechamos e não nos permitimos aprender com os erros ou insucessos? Ou melhor: aprender com a forma através da qual a vida tentou mostrar algo aos nossos olhos vendados?

É incrível como cada coisa que eu leio aqui faz um paralelo com algo que eu já pensei, já escrevi ou já vivi.....

adim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.