quinta-feira, março 31, 2011

E se for mesmo dicotomia??


Receita para parar de amar existe? E pra deixar de ficar triste? Não, acho que não...a receita é deixar doer, deixar a tristeza percorrer o espectro das emoções humanas, deixar amar ate gastar o amor, mesmo que ele se gaste só de ser, de ser amor – seria isso um desgaste? Lembro de uma aula de termodinamica com Ernesto, meu ídolo. Ele descrevia um tanque, com uma alimentação e uma descarga...foi transcorrendo...ate chegar a hipotese de que, quando a corrente de alimentação fosse igual à da descarga, o nivel do tanque ficaria constante e foi lá, com seu pincelzinho na boca, pensando e desenvolvendo as equações de equilibrio até que afirmou: No equilibrio, ha ausencia de movimento (não exatamente com estas palavras, mas com este teor). Quando eu perguntei se ele estava se referindo apenas ao equilibrio estático, uma vez em que numa molecula existe equilibrio, e simultaneamente o movimento infinito dos eletrons e o escambal...ele me respondeu: “É preciso fazer algumas considerações, ou ignorar outras, para definir o equilibrio, quer ver um exemplo? Não dizem que Deus é onisciente? Então ele é desequilibrado, pois é impossivel saber de todas as coisas e ainda assim manter o equilíbrio”. Brincadeiras (ou blasfemias) à parte, isso foi muito aplicado na minha vida, em muitas situações. Será mesmo o equilibrio e a ignorancia uma dicotomia? A ignorancia é muitas vezes conveniente, mas a quem se pretende enganar? Ha duas semanas Darci apertou o meu dedo midinho na porta do carro, antes das 6h da manhã. Até hoje o tenho roxo. Sabe o que é dor?? Daquelas que dói na alma, adormece o corpo...dá um friozinho na barriga, uma fraqueza nas pernas (quem nunca prendeu o dedo na porta de casa, do caro, de saja lá onde for?). Eu tive que ir suportando, ate chegar no trabalho, parecia não existir dor maior. Hoje eu olho pra ele, apertando a tecla shift do teclado toda vez que eu inicio um parágrafo. Não dói! Nenhum resquício dela, além da rouxidão. Daqui a umas semanas nem isso mais existirá. É um processo, eu sei...a unha vai crescendo, até cair. Legal, a dor passa, mas e daí? significa que eu vou andar por aí enfiando meus dedos nas portas dos carros ou casa, ou guarda-roupas, para machucá-la só por que eu sei que a dor vai passar? Não, mas da próxima vez que acontecer, eu já sei que não é dor pra vida inteira. Não é tristeza pra vida inteira, não é amor pra vida inteira...o amor vai amando até ficar rouxo de tanto amar, e cair. Hoje está na moda falar sobre equilíbrio -não aquele termodinâmico do tanque com alimentação e descarga de iguais vazões e blá, blá, blá-é um tal de equilíbrio corpo e mente, de vida profissional com vida pessoal, equilibrio das emoções...eu já ia escrever aqui foda-se o equilíbrio! Mas não, vou amenizar dizendo que prefiro ser como deus (aquele ao qual Ernesto se referiu). O meu momento é mais propicio a dizer não á ignorância, e se estas são opções mutuamente excludentes, eis aqui a mais nova desequilibrada do planeta! Desequilibrada e feliz, por escolher não ignorar, não fechar os olhos, não relevar, não aceitar apenas para não furar nenhuma premissa e conseguir formular a minha hipótese. Meu tanque está com a válvula da corrente de alimentação trancada. Estou eliminando todo o inventário. Deixa limpar, deixa limpar....eu gosto de ver a água escorrrendo, e com ela todas aquelas sensações de que...ahhhh....

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