sábado, março 19, 2011

Lembrar-se (Texto escrito em 14/08/2003)

É estranho como as pessoas que a gente gosta vão embora. Estranho como elas aparecem derrepente e se vão sem um por que. O que a vida nos quer ensinar com isto? Talvez seja um equivoco pensar e desejar que as coisas nunca se acabem, que as pessoas nunca se vão. Mas todas as coisas duram o tempo do eternamente. E o eterno é bem maior que o pra sempre, não cabe nos limites do infinito, está além dos contornos do infindável. Mas mesmo assim é estranho! Alguns vão embora para que outros apaereçam. Porém em que momento da vida a gente desperta para o significado da partida ou chegada de alguém? E se ninguem pode jamais ser substituído, que justificativa louca esta...Se todas as coisas fossem imutáveis e perenes as lembranças não teriam espaço, nao teriam luz. É bom lembrar, mas é tão melhor quando se está perto. A gente até que se acostuma a ficar sem , mas as vezes bate uma saudade, uma vontade de estar...Um amigo distante, um amor incompleto, um sono, um sabor...Hoje vi alguns sorrisos, pesoas especiais, pessoas pra vida inteira, mas que, sem porque, se foram. Tantas outras já vieram, mas seus lugares continuam lá. É estranho demais esconder esta estranheza e assistir a guerra entre o lutar e o conformar-se. Eu simplismente não entendo por que as pessoas derrepente se vão! Talvez por que elas realmente não devessem ficar, mas está além da minha capacidade entender a complexidade das relações. Será que estar perto é sempre preciso? Que os sentimentos precisam dos sentidos? A estima, a amizade, o querer bem...O ser humano se fortalece quando tem alguém, mas por que ele rejeita tanto, não conserva, não mantém...E o que dizer da morte então? saber que aquele alguém jamais vai voltar. Aceitar que um abraço se transformou num aceno de mão, que uma vida inteira de segredos se contraiu num bom dia, que a afeição se inibiu, se acorrentou, se corroeu. Não acredito que ninguém esquece. Ninguém esquece jamais! As pessoas simplismente retiram seres, coisas e fatos das suas memórias imediatas e as arquivam naquele cantinho, que embora não frequentemente acessado é facilmente acessível. Ou elas simplismente aceitam o fato de apenas poder lembrar. Indiferença, medo, fraqueza, ou simplismente por se acostumar. Frieza e sensibilidade convivem sempre juntas no mesmo coração.

O ser humano é um irremediável universo paradoxal.! Lembrar-se. Lembrar-se é inevitável. Enquanto viver, o ser humano lembrar-se-á. Mas é estranho, as vezes é muito estranho lembrar...

Um comentário:

Paulo Alves disse...

Oi Cinthia, passei para deixar um beijo. Você está escrevendo a cada dia melhor.

Tenha uma ótima semana.