terça-feira, março 28, 2006

Impressão Digital


Estava observando o pescoço do moço de camisa listrada. Os pelos cresciam num movimento tal, que pareciam tomar forma de uma impressão digital. Derrepente, vi na minha face estampada a figura que acompanha a minha fotografia no RG. E fiz uma expressão de pavor por causa de um pensamento que me tomou: Seria eu imutável? Estaria eu mesma desenhada em cada parte de mim? Já me vi por horas fragmentada, cada parte de mim sendo um eu diferente que sou. Ja neguei a mim mesma. Ja menti sobre o meu ser, coisas que a minha digital não faz. Aquelas formas dançavam no pescoço do moço, possuindo cada parte exposta do seu corpo, e eu me desesperava por pensar que naquela mesma dança eu poderia começar a tomar forma de mim. Escondo-me, não toco em nada! Enquanto eu não descobrir, não poderei revelar esse eu que penso que sou.

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