quinta-feira, março 23, 2006

A morte do ego



Ontem atirei no meu peito. Atirei-me num leito desconhecido, só pra sentir a estranheza da morte. Ouvi o estouro da bala e um silêncio profundo reinou. Eu sei que eu não estava mais lá. Senti meu peito desacelerar lentamente até parar de bater. Senti também o meu olho sangrar. Era frio. Meus dedos contraíram-se num gesto de dor. Eu não sabia o que fazer: viver, morrer, morrer, viver...Queria arrancar aquela bala do meu corpo e respirar o alívio. Vi todo meu sangue escapar de mim como um rio que transborda em dias de chuva. Eu vi toda a minha vida passar como um sopro. A minha história contraiu-se em um segundo. E aquele segundo parecia não passar. Depois de me dar conta do meu estado de inconsciência, senti uma imensa vontade de gritar. Mas ninguém estava lá. Só eu e o meu corpo ferido. Estendido ao chão, sem força, sem voz...Alguém precisava ouvir o que minha cabeça pensava e o meu corpo sofria. Pensei que ninguém jamais saberia. Mas aqui estou eu, a relatar o que me aconteceu. Só não sei o final da história. Não sei se o meu corpo morreu. Não sei se o meu eu viveu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, você pode me indicar livros sobre a morte do ego?!?!?

Obrigada