quinta-feira, outubro 05, 2006

Ainda sem título

Folhas amarelas da primavera cobriam o chão daquela manhã de sol tímido. Sentou-se, tirou do bolso um cigarro amassado, fitou-o e decidiu não fumar. Andava meio satisfeito com as suas confusões e temia que, acidentalmente, acabasse por resolvê-las - Cigarro é um poderoso ato de reflexão! Pelas cores do céu podia-se prever que não haveria pôr-do-sol, embora fossem tantas as horas até o entardecer. Pôs-se então a pensar para não pensar. Coloriu de amarelo alaranjado, com pitadas de azul, os seus pensamentos nublados. Novamente, num ato instintivo, puxou do bolso o cigarro amassado, e não menos instintivo foi seu ato de rejeição. Estava infinitamente feliz com as confusões que abrigava. Sentia-se satisfeito por tê-las conseguido criar. Cada uma delas, de maneira peculiar e não muito aguda, desordenava-o, fazendo-o experimentar a sensação desconhecida de emaranhar-se dentro de si. Apertava cada vez mais forte o cigarro, que não voltara a guardar no bolso. Aquele mesmo cigarro amassado que tentava roubar-lhe o encanto da confusão. Deitou-se no tapete amarelo produzido pela folhagem, deixou os braços abertos num ângulo inconfundível de prazer, e olhando para o céu cinza escuro, sentiu-se transbordar confuso de si, num segundo quase infinito. Sequer notou o cigarro amassado cair da mão...


PS.: Aceito sugestões para o título!

Um comentário:

Anônimo disse...

tabaco bom!