quinta-feira, outubro 19, 2006

Estranha Nitidez

Vejo a amplidão da minha existência
Isso me apavora!
Pálida luz nos olhos da criança
Que, alheia, na calçada descansa
Horas caminha descalça, sorri.
Por um instante meus olhos abriram-se para o mundo
Estranha nitidez!
Não,
Não me atormentem com a vida que acontece
Nas tardes de abril
Tirem-me daqui
Devolvam-me o tempo em que as horas passavam
E os grãos da ampulheta caindo não me importunavam os ouvidos
Excessivamente grave é a minha lucidez!
Já não pretendo o absolutismo das coisas
Basta-me um sorriso mudo num semblante cheio de dor.
Uma brisa gostosa acaricia meu rosto
Mas intensos demais são os raios que me ultrapassam a retina
Aperto bem forte com as mãos os meus olhos
Procuro o alívio dos cegos
Estranha, muito estranha nitidez.
Bato portas,
Fecho janelas
Amarro-me à cadeira da sala com a linha do equador
Não quero ver-te,
Sentir-te
Prefiro a ignorância dos tolos
Atormente-me esta tão estranha nitidez.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um cubo tem faces, arestas, lados, tudo bem definido pela geometria... agora pinte essas seis faces com cor de buraco negro... � como vejo vc. olho para vc e vejo uma forma trivial mas n�o enxergo quais cores e sonhos habitam ai dentro. Esse querer perceber vc, faz mover can��es e can��es, tenho que desenventar para advinhar o qu�o trivial vc n�o �. Parece ilus�o,
deve ser ilus�o, um querer ser poesia...
um querer ser trivial...
Um querer abra�ar vc e abrandar qualquer pranto seu...
Estar perto pra olhar pra vc.

Anônimo disse...

Por que assinar como anônimo....