sexta-feira, fevereiro 06, 2015

20-01-15 - Eu deixei meu nome la



O que se ha de fazer? Alguem precisa assinar o documento. Ha assinaturas inocentes, como um recado, uma carta de amor, um livro de poesia, uma mensagem religiosa. Assinam-se contratos, projetos, leis. Outras assinaturas, porem, nao sao tao inofensivas. Veja voce: Juizes assinam sentencas de morte de inocentes, libertam culpados, decidem o valor de uma vida. Ja fui convidada para assinar como responsavel tecnica de uma empresa de cosmeticos. “Voce nao precisa fazer nada, eh so assinar e informar o seu CREA” – Simples assim! Edificios que desbam demandam a imediata identificacao do responsavel pelo projeto civil. Medicos assinam atestados de obito, requisicoes de exames, diagnosticos graves. Alguns ja assinaram atestados que usei na universidade para garantir  direito a segunda chamada de provas para as quais nao me preparava a tempo (alguns deles eram verdadeiros, alguns). 

Mas dessa vez, a unica coisa que eu precisava fazer era assinar o certificado de conclusao do ano letivo da escolinha montissori, que trabalha com criancas de 3 a 5 anos na vila de Malcadenia. Isso sim me pareceu inofensivo e excitante. Assinar como represntante da escolar, construida por Jody, esposa do primo Punny. Ontem, no caminho para a cachoeira, passamos na casa da professora Punish para perguntar qual seria o procedimento e ela me deu 3 diplomas pra assinar. Facil!! Achei que sairia de punhos cansados assinando dezenas de papeis, com minhas letras arredondadas, exatamente como consta na minha carteira de identidade, mas nao, eram apenas 3. Missao cumprida, seguimos para aprovetar o dia. A noite recebemos um telefonema da professor convidando-nos para a cerimonia que comecaria hoje as 16:00. Meu Deus! Ja sao 15 para as quarto!! Corre que estamos atrasados!! Chegamos na porta da Montissori as 16:08 e encontramos as portas fechadas. Seria a cerimonia realizada na vila? Corremos naquela direcao, foi quando encontramos a pro Punish, desfilando com seu Sari azul e mais tres criancas. Duas delas corriam na nossa frente pilotando suas motos barulhentas e invisiveis. Havia muita gente muito mais atrasada que nos, inclusive um dos formandos, que sequer compareceu.
A pre cerimonia foi recheada de traquinagem da gurizada que se divertia com a maquina fotografica, os degraus da sala de aula, a torneira do lado de fora, ou simplesmente, divertiam-se com o fato de serem criancas. A cerimonia comecou com atraso. Presentes alguns pais, a irma da professora e outras criancas. Folheamos alguns cadernos com algumas atividades feitas ao longo o ano (pinturas, colagem, exercicio de associacao de cores e formas), e acompanhamos o discurso da professora (So acompanhamos, por que entender que eh bom, nada! Pq ela falava em Tamel). O bom de  nao termos um idioma em comum eh que, na falta de palavras, nao se economizam sorrisos. Essa era a nossa liguagem com os presents, os quais, com excecao da professora, nao falavam ingles.
A estrela da tarde foi o novo aluno que, para sair bem na foto, se concentrava em ajeitar as calcas o tempo inteiro. Na hora da entrega da sua mochila com novo material escolar, ficou imovel na frente da camera. Depois da cerimonia, fomos convidados para um cha na casa de Punish. Pedi um copo d`agua, me serviram agua morna (eh a segunda vez que sou servida com agua morna neste pais, deve se comum). No pais do cha, ele eh servido com leite e acucar, bastante acucar. Alguns biscoitos acompanhavam o cha. Lembrei da minha viagem a Bolivia, onde tinha muita curiosidade de entrar numa daquelas casas que tinham sempre portas e janelas fechadas, e la estava eu, sentada numa casa da vila, tomando cha e calada (ja que nao podia conversar!). A anfitria nao permanecia na sala, ela apenas nos servia e saia de la. Nao trocamos muitas palavras, alem de algumas perguntas aleatorias que faziamos a ela. A mae dela nos observava e sorria, algumas criancas entravam e saiam da sala, ate se aglomerarem em torno da maquina, sorrindo ao se verem nas fotos. Saimos com a marmite do jantar pronta e o compromisso de imprimir e traze-los algumas fotos.
Assim se foi mais um dia na casa da montanha.

Ass: Cinthia Daniela Barbosa Medrado























Um comentário:

Ira disse...

Ai, que carinhas mais lindas, Cinthia!!! Fotos maravilhosas.