segunda-feira, junho 28, 2010

Sabina


As vezes parece que visitar o feira semanal, estar no mercado, na rodoviaria ou simplismente no banco da praca eh a melhor forma de conhecer uma cidade. Ontem fui curtir minha dor de barriga, provocada por 2 hamburgueres consumidos na madrugada anterior, no banco da plaza de armas para aproveitar o sol. Nao achava que existisse domingo numa cidade turistica como Cusco, mas de fato ha. Um domingo com cara de domingo. Ruas desertas, estabelecimentos fechados, poucas pessoas transitando pela rua. Mas a praca be movimentada. Os peruans saem para passeaar no domingo, que bom! Ver a cidade se movimentar com a cara das pessoas que vivem là. Estava eu sentada, e derrepente me vem uma velhinha, baixinha, quase sem dente e com um sorriso dando um laco nas orelhas, senta-se a meu lado e me pergunta de onde sou. E eu que pensava que ela ja tinha maximo que um sorriso pode alcancar, quando disse de onde era o vi triplicar de tamanho. Brasil!!!! As pessoas do Brasil sao muito legais. As milheres sao muito lindas e comecou a me contar as suas historias. Eu que ja nao gosto disso, fui alimentando o papo para me deliciar (ou me entristecer) com mais uma historia de vida. 62 anos, parecia ser mae da minha avo que tem mais de 80. Pequena, fragil, sem dente. Vive sozinha num povoado cerca de Cusco e nenhum dos seus 5 filhos e 10 netos vao visita-la, apesar de morarem perto. O que faz durante o dia? Limpa a casa, cuida das galinhas, das suas flores que tanto ama, das poucas coisas que planta. Tem visinhos, nao muito amigaveis. E se fica doente, se cuida sozinha atraves dos seus chas. Eventualmente vai a Cusco vender os brincos que a sua filha faz. Me chamava de mamà o tempo inteiro, uma forma carinhosa das pessoas se tratarem aqui em Cusco. Despediu-se com um sorriso, o sorriso banguela mais bonito que ja vi, e partiu.
Na rodoviaria, as duas horas de espera para o onibus pra Nazca foram amenizados pela companhia da crianca que brincava com seus utensilhos de cozinha. Ela falava somente queichua, entao, so podiamos nos comunicar com a linguagem universal, tao bem compreendicda pelas criancas. O sorriso! E iam surgindo outras, que se comunicavam com a mesma linguagem e gargalhavam ao subir e pular do banco de espera. Eu poderia dispensar horas do meu dia, so para observar esses movimentos que tanto me encantam....

3 comentários:

Ricardo Souza disse...

Diga aí? Quando se encontra uma figura como essa,que enfrente a vida dura sem perder o brilho no olhar, não dá vontade de pegar e levar pra cara. rsrsrsrs.

Mathaus disse...

Realmente, essa senhora te surpreendeu mesmo!

Anônimo disse...

Prima, esta criança tb ia viajar? lembrei das nossas malas 80% brindos e 20% outras coisas...
Na verdade, lendo tudo que vc posta, me faz lembrar tantas coisas. Sei lá, analogias loucas... mas, to amando tudo isso aqui.
Bjao
Raquel