terça-feira, maio 25, 2010


E pra que serve mesmo o progresso? A caminho de Potosi, onde a estrada contorna as montanhas, subindo para alcancar os seus 4060 metros de altitude, da a impressao que voce nao vai chegar nunca a lugar nenhum, pois so ha montanhas e vales por todos os lados. Da janela do onibus - menos fedorento, mas nao menos velho e desconfortavel - avista-se campos verdejantes. Casas perdidas no altiplano. Velhinhas, vestidas dakele jeito ja conhecido, pastando llamas ou ovelhas. O verde mais claro parece ser trigo. As casas de barro sao cobertas de telhas que parecem ser feitas de algummetal (talvez para aproveitar o calor do dia para aquecer). Eh muito frio. Muito alto. Parece daqui ser mais facil alcancar as estrelas. O que ha de excepcional em ver uma velhinha fazendo linha a partir de um bolo de la de llamas? Nada de mais, mas assim como o sorriso daquelas criancas, isto nao me sai da cabeca. Estando num lugar como estes da pra sentir como a cidade sufoca. Como ela nos tranca os olhos para as coisas mais simples e nao por isso menos importantes. Lembrei do livro "Assim falou Zaratrusta". Fujam para as montanhas. Parecem mesmo as montanhas terem este poder de tornar o homem mais humano. O que tem de mais em se fazer uma viagem como esta? Estou aqui ha pouco mais de 2 semanas e ja experimentei sensacoes que ha muito nao me aconteciam. Eh preciso viajar! Viajar! Viajar eh a loucura necessaria para nos dar conta de que os limites nao existem. As pessoas, com diferentes costumes, se misturam. As cores se modificam. O corpo se adapta. A mente se t5ransforma. Os medos se curam (Eu cheguei aqui morrendo de medo do frio, e constatei que é pra ter medo mesmo...rs). Proporciona aquele desprendimento das preocupacoes sobe o depois. Hoje é o dia! E minha unica preocupacao eh de torná-lo um dia feliz, apesar do frio.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fico embevecido com as descrições das regiões por onde vc está passando. Parece que estou com o binóculo observando aquelas montanhas de barro, as velhinhas de vestidos iguais, com seus lhamas, lá dentro da paisagem vista de dentro do ônibus, até desliguei o ventilador que está ao meu lado porque comecei a sentir frio também. Vc passa as emoções pra nós aqui. Algo preciosíssimo seria surgir nos ares um condor. Quem sabe, aí pelas alturas que vc ainda vai percorrer, não surge esse senhor dos Andes?

Paurílio

Anônimo disse...

Amigórias... Não bastasse me deliciar com a sua narrativa, percebo que o dom da escrita é mesmo de família. Leio o que vc escreve, consigo imaginar o lugar com riqueza de detalhes e... logo corro pra ler os comentários do seu Tio Paurílio! rs... Fantásticos!!!! Beijos! Fica com Deus, amiga!

Xanda.

Anônimo disse...

Ah!!!! "Hj é o dia" - preciso lembrar sempre! :0)

Ricardo Souza disse...

"Hoje é o dia". Nossa, tão curta e tão sábia frase não?

Sem dúvidas: viajar, interagir, vivenciar outras culturas, conhecer lugares e pessoas diferentes nos faz ver que, só nos escravizamos e nos tornamos prisioneiros da selva de pedra e de tudo o que ela representa, se nos permitirmos.

É com posts como esses que me vem à mente a importância do livre arbítrio:
Se podemos escolher vivenciar a plenitude, porque não, nos entregar a ela????